Dia do Farmacêutico 20/01 (entrevista com especialista)
Hoje, no Dia do Farmacêutico, o CON resolveu trazer algumas questões que englobam esse profissional no mantenimento e restabelecimento da saúde, afinal, o vínculo criado com demais áreas e suas funções, faz com que haja uma integração de informações que favorecem cada etapa dos tratamentos.
Conversamos com Simone Thorp, Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e especializada em Gestão em Saúde pelo ISM UERJ, Acreditação em Saúde pelo IBES e Auditoria de Sistemas de Saúde pela FSC.
Hoje, atua como Gerente de Suprimentos e Farmácia no Centro de Saúde CON e é membro da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia.
1 – Qual é a importância do serviço de Farmácia Clínica para manter a qualidade de vida da pessoa que está restabelecendo a saúde?
Dentro desse cenário, falando sobre a cultura do farmacêutico no Brasil, não percebemos uma população esclarecida na maioria das vezes, quando o assunto é o papel do farmacêutico como um profissional atuante e complementar à equipe multiprofissional no cuidado ao paciente.
Pacientes oncológicos e pacientes portadores de doenças crônicas podem apresentar algumas comorbidades associadas (nefropatias, cardiopatias, hepatopatia, diabetes, por exemplo). E, por conta disso, são pacientes assistidos por vários médicos que tendem a prescrever diversos medicamentos e, em alguns casos, medicamentos iguais.
Pensando nesse cenário, o profissional farmacêutico é aquele que se faz necessário para o acompanhamento desses pacientes de forma individualizada, onde todos os medicamentos prescritos são mapeados quanto ao perfil de segurança, com o objetivo de reduzir os possíveis riscos e aumentar a eficácia dos tratamentos.
Além do cuidado com os medicamentos prescritos e usados em domicílio, o farmacêutico traça o acompanhamento seguro do paciente, contemplando os medicamentos prescritos no CON (tratamentos oncológicos, hematológicos e os tratamentos realizados no centro de infusão). Portanto, temos o dever de proteger o paciente garantindo qualidade, conforto e adesão ao tratamento.
O acompanhamento farmacoterapêutico engloba:
- A avaliação e o ajuste (se necessário) dos horários de administração dos medicamentos;
- A orientação do paciente quanto à melhor forma de administrar o medicamento;
- Elaboração de um painel de orientação individualizado para o paciente, que é revisado sempre que ocorrem mudanças na conduta terapêutica interna ou externa.
2 – A Farmácia pode ser considerada, também, um serviço preventivo durante o tratamento oncológico?
Pode sim. Quando pensamos em prevenção, devemos considerar todas as orientações que os pacientes recebem dos médicos assistentes na consulta anterior ao seu tratamento. Nesta consulta são prescritos medicamentos de suporte ou que fazem parte do protocolo de tratamento, e que deverão ser administrados com antecedência ao dia do tratamento com os medicamentos injetáveis.
O profissional farmacêutico realiza a orientação da administração desses medicamentos, mostrando a importância da administração correta como benefício ao tratamento injetável. A orientação ao paciente deverá ser sempre complementar à orientação médica, para que possamos entender se ainda existem dúvidas quanto aos medicamentos que serão administrados pelo paciente em domicílio.
A adesão à administração prévia favorece ainda mais a minimização de possíveis reações adversas durante o tratamento oncológico. E, além desse ponto importante, o farmacêutico é responsável pela avaliação de 100% das prescrições e relatórios médicos. Dessas análises poderão existir intervenções farmacêuticas relacionadas à divergências que são alinhadas com o Corpo Clínico da instituição.
3 – Como você define a importância da segurança medicamentosa para o paciente oncológico?
Essa segurança se inicia desde a padronização dos medicamentos até a administração final no paciente. É necessária a segurança de toda a cadeia medicamentosa.
O serviço de farmácia é responsável pela avaliação dos fornecedores, pelo recebimento e armazenamento dos medicamentos. Nossa política institucional é baseada na garantia da aquisição dos medicamentos, e nossos processos de controle corroboram para um tratamento seguro e de qualidade.
Sobre essa questão, podemos citar a importância do farmacêutico no preparo dos medicamentos a serem administrados, onde cada característica do medicamento é estudada, como: concentração ideal, materiais especiais, tempo e ordem de infusão. Para que dessa forma, consigamos promover um tratamento com maior eficiência e segurança aos pacientes.
4 – Qual é o papel do farmacêutico no cuidado integral do paciente que está restabelecendo a saúde?
Com um papel importante no cuidado do paciente, o farmacêutico promove o uso racional dos medicamentos, acompanhando o paciente e mostrando a importância na utilização correta dos medicamentos, bem como sua adesão completa ao tratamento.
5 – A atuação da Farmácia Oncológica vai além da terapia medicamentosa. Poderia falar um pouco mais sobre isso?
Sim. Devemos pensar no paciente no centro do cuidado. E quando pensamos dessa forma, focamos em um acompanhamento necessário e individualizado ao paciente. Estabelecemos uma rotina onde realizamos a classificação de risco para cada paciente assistido pela Farmácia Clínica. Estabelecemos critérios de acompanhamento (presencial e/ou remoto) semanal para os pacientes de alto risco; quinzenal para os pacientes de risco médio e mensal para os pacientes de baixo risco, sempre com ações mais assertivas nesse acompanhamento em conjunto com o corpo clínico.
Além disso, temos um programa estruturado no acompanhamento dos pacientes que realizam tratamentos quimioterápicos orais. Pois, nesse tipo de tratamento, o paciente possui uma responsabilidade compartilhada na eficácia do tratamento.
O farmacêutico apresenta os materiais impressos de apoio a esse tratamento e orienta o paciente quanto aos manejos de eventos adversos, reduzindo a possibilidade de interrupção do tratamento. Assim como orientações importantes quanto ao armazenamento e manipulação do medicamento em domicílio.
Utilizamos uma ferramenta própria de análise de adesão ao tratamento e os pacientes considerados não aderentes são acompanhados de perto (em conjunto com o corpo clínico), para um entendimento de propostas de melhorias para que a adesão seja garantida em 100% dos casos.
6- Você pode falar a respeito da importância em realizar o tratamento por meio do SCCI – Serviços de Cuidados Clínicos Integrados?
O serviço de Farmácia Clínica não sobrevive sem a equipe multiprofissional, e sem essa integração, não podemos entregar uma experiência e um desfecho favorável ao paciente.
Podemos considerar um exemplo importante quando falamos de possíveis interações entre medicamentos e alimentos, onde os farmacêuticos têm contato direto com os nutricionistas para que o paciente seja assistido e orientado sobre toda a conduta alimentar adequada ao tratamento com um determinado medicamento.
Portanto, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e médicos sempre caminham de mãos dadas para que o cuidado integral aconteça gerando valor para o paciente.